terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre a democracia em excesso

A verdade é que nem de perto a massa está apta para governar-se. A massa é completamente ignorante, e isso não é fruto da ausência da capacidade cognitiva alheia, mas tão somente fenômeno da própria massa. A multidão exerce um efeito idiotizante e histérico. A união faz a força, é verdade, mas raciocina quase que nada. A História nos mostra o quão pouco efeito, no sentido das reais necessidades, fizeram manifestações populares no decorrer da História e isso não vai mudar. Especialmente num país de condutas tão supérfluas. Se conseguir algo, isso sendo otimista, será só encharcar o solo com sangue.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Pondo certos entusiasmos em seus devidos lugares

Não conheço ninguém que se deixaria morrer pelo livre-mercado, mas conheço muita gente que se deixaria morrer pela família, por amor, por Deus, por lealdade... A negligência para com tais valores, crenças e sentimentos é a grande vilã que deixou a direita morrer. A técnica não é o suficiente no campo ideológico. Na realidade, talvez seja uma coisa extremamente secundária. O ceticismo no qual mergulhou a direita, -- podada, submissa e cheia de modos desnecessários, prezando antes de mais nada e, ao mesmo tempo, depois de tudo, a mera técnica -- é também o seu fracasso. A dissociação da vida prática com o seu substrato metafísico e essencial a matou. E agora nos mata a todos.

sábado, 30 de novembro de 2013

''Yo, un Irresponsable''

Este portentoso irresponsável que vos fala, voltando de uma compra de livros, se deparou com uma situação inusitada: a família fazia um fuzuê acerca de um portão quebrado. É um portão já velho, enferrujado, todo oxidado pela maresia. Num país normal, alguém chamaria um empreiteiro que manja dessas artes de portão, e ele o consertaria sem problemas; mas não é o caso no Brasil.

Aqui, problemas pequenos, insignificantes, viram verdadeiras epopéias homéricas. Meu pai gritando, minhas irmãs gritando, tios e tias opinando. Parecia uma festa de Calígula, só que sem a putaria.

E eu, o irresponsável, prontifiquei-me a chamar um desses manjadores de portão, para ele manjá-lo, e consertá-lo de vez. Não me estressei, fiquei calmo, não levantei a voz, e resolvi a cousa em menos de cinco minutos. Quem foi o irresponsável da história? Sim: eu, é claro. A responsabilidade foi totalmente invertida neste país: é responsável que se estressa para resolver algum problema, e não quem de fato o resolve.

Mas vá lá. Que eu seja vagabundo mesmo, comprando meus livros, e resolvendo o que nenhum responsável faz.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Os lobos, descontentes da vida que levavam, resolveram reconstruir a sua ordem social.
— Imitemos as abelhas! — Propôs um.
— Melhor, as térmitas! — Propôs outro.
Depois de muitos debates, a maioria convenceu-se que a ordem estabelecida pelas abelhas seria a que melhor se coadunaria aos lobos.
Antes de pôr em votação, um velho lobo, pedindo a palavra, disse:

— As razoes da proposta são inegavelmente interessantes e ponderadas. Que tenha servido para abelhas e térmitas, compreendo. Que venha a servir para lobos é o que duvido, pela simples razão de lobos serem lobos, e não abelhas nem térmitas. E, por outro lado, deixai-me ao menos por uma pequena dose de pessimismo lupino: depois de milênios e milênios, os lobos volvem para os insetos em busca de construções sociais... Será que a isso chamam progresso?"

Assim Falou Deus aos Homens, M.F.S 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cinismo inconsciente (?)

As pessoas comentam entre si, assombradas, que jamais se viu tamanho nível de corrupção, tal qual ocorre no Brasil hoje em dia. Não comentam, entretanto, sobre a decadência institucional que esse país sofre desde o fim do Império. Parece que para elas não há relação alguma entre essas duas coisas. Mas enganam-se. Que faz de um homem alguém incorruptível? Seriam as leis, os instrumentos legais, preceitos técnicos, medo ... ? Não. O que faz um homem incorruptível é seu arcabouço moral; seus valores. E não se enganem: valores não germinam nas leis. Essas, na realidade, são única e exclusivamente consequência deles. Um homem torna-se incorruptível quando admite uma totalidade subjetiva, uma ordem moral, coisa essa que só pode ser concebida e transmitida no seio e pelas instituições. O homem nasce um selvagem! As instituições aperfeiçoam-no. São elas frutos de experiências infindas; são elas a democracia dos mortos, como diria Chesterton. Mas as pessoas não percebem isso... e seguem a entreolharem-se, assombradas, e a comentarem sobre desvios de caráter intermináveis — enquanto que, em outro momento, vociferam em nome de toda essa infâmia iluminista que relativiza e destrói o que temos demais vital.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sem acordo

Para harmonizar as relações sociais, econômicas, políticas e morais das civilizações, criou o homem uma harmonia inconsciente entre essas aparentes tensões, à guisa de textos religiosos e revelações divinas, fontes, antes de tudo, de orientação, apontando para o Altíssimo; ora vacilando, ora acertando, um equilíbrio era atingido, mesmo que com dificuldades. As instituições, embora sempre susceptíveis a erros, mantinham suas palavras e honras, organizando-se da melhor forma possível. E no começo do século XX, essas mesmas partes das sociedades, outrora unidas, começaram a se contrapor. O liberalismo é ''ferino às idéias da Igreja'', alguns católicos dizem; ''o cristianismo é inútil para o livre mercado'', bradam alguns liberais; e exemplos dessas recentes brigas não têm fim.

Mas o sistema liberal de economia continua sendo sua exata palavra: liberal. Portanto, tudo, dentro da economia de mercado, é permitido, inclusive injustiças, acúmulo excessivo de dinheiro, diferenças de salários oceânicas, etc. Bastaria isso para notar que o mercado não se regula a si mesmo, com uma mão invisível, justa, pronta para estapear o primeiro crápula capitalista que cause à moral um arranhão. 

E os católicos atuais, embora muitos deles possuam honestidade espiritual em criticar os liberais, não vêem que entre um estado grande, e um estado mínimo, este é melhor que aquele. Só no liberalismo clássico, com um estado pequeno, os católicos (também cristãos em geral e judeus) podem ser verdadeiramente livres para professarem suas crenças, e usarem, da economia livre, sua principal fonte de riqueza: a propriedade privada. Com isso, não só a sociedade fica mais religiosa, mas a religião fica mais social. Cada vez mais homens e mulheres ouviriam as palavras dos profetas e, sem dúvida, muitos, neste processo de expansão de fé, acabariam defendendo a mesma.

Os liberais, embora excelentes economistas e pensadores analíticos, não tinham uma noção límpida da práxis humana (com exceção de Von Mises, que, ainda assim, encontrava certos limites). Por serem extremamente talentosos em uma área específica, falhavam em focar nas outras, tão necessárias quanto formular o melhor dos sistemas econômicos. Böhm-Bawerk, Murray Rothbard, Friederich Hayek e outros liberais eram, em sua maioria, ateus ou agnósticos, completamente desinteressados nas bases morais do mundo ocidental, ou mesmo incapazes de notar a base moral do ocidente, isto é, a popularmente conhecida ''cultura judaico-cristã''.

Já os católicos gritam, quase em uníssono, que a Igreja condena a usura, ou qualquer tipo de ganância material. E isso é verdade. A Igreja de fato condena as injustiças econômicas. E é exatamente por isso que ela precisa coexistir junto ao sistema liberal econômico, não como dependente dele, mas como governante. É o cristianismo que defende o justo e condena o injusto, não a economia. Modelos econômicos, por definição, não podem ser classificados como ''imorais'' ou ''morais''. Fala-se disso de pessoas, e não de objetos inanimados. A economia tem tanta capacidade de ser ''moral'' quanto uma cadeira tem a possibilidade de ser feliz.

É de espantar a completa e entrópica cegueira entre liberais e católicos, não cientes de que eles precisam se ajudar, mais que urgentemente. Fica claro, pois, como o liberalismo necessita do cristianismo para proteger-se de si mesmo, e de como os cristãos não podem ser cristãos sem estarem livres. Liberais precisam de regras morais (cousa que só o cristianismo pode dar); e cristãos necessitam ser livres, econômica e socialmente (cousa que só o liberalismo econômico proporciona).

Mas não há razão para alarme. Fiquemos aqui, esperando que os liberais bolem uma economia à prova de injustiças e os católicos reconheçam que precisam do liberalismo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Não temer

Hoje me dediquei a um pequeno exercício: refleti sobre onde deixamos o nosso cadáver. Pois não, cadáver! Tem de se ser muito ingênuo para acreditar que ainda estamos vivos... Morremos junto dos últimos grandes homens que se permitiam ousar a sonhar, a desafiar o comum, a triunfar sobre o ordinário – contínua e incansavelmente. Toda a História do mundo repousa um pouco em Aristóteles e também em Napoleão. Morríamos, é verdade, desde sempre, mas ainda conversávamos o infinito em nós... Hoje já não mais. A chama do gênio, regada nas virtudes, tomada pelo inabarcável desejo de ir adiante, obedecendo nossa gênese natural do Eterno, foi-se. E como se não bastasse ter ido, segue numa morte que também morre em si mesma, pois que o antônimo do Infinito não é o finito, mas o vulgar, o raso, o comum – e não, isto também não tem fim... Que não se entenda, por favor, que se pretende evocar as aventuras do quotidiano para alegar vida – que eu não seja tomado por um tolo juvenil, por Deus! A vida é feita na propulsão espiritual (sem fim) que ascende, incansavelmente, a todo o tempo, desejando descansar –  não sabe ela! – em si mesma. O tempo do Querer se esgotou. Hoje só se faz, segue-se, copia-se, domestica-se, consente-se, cede-se... Mas que erro o meu... Como havíamos de deixar o nosso cadáver?! O cadáver é a única coisa que nos resta! Deixamos foi o nosso espírito! E seguimos deixando-o, em todo o instante em que se teme morrer.

domingo, 6 de outubro de 2013

Ninguém quer saber

Li alguns aforismos do escritor colombiano Nícolas Gomez Dávila ontem. Foi uma maravilha. Seus ensinamentos são tão profundos, tão maciçamente atuais e urgentes, que, no mínimo, dever-se-ia publicar a obra homem em todas as línguas do mundo, até em Urdo.

Mas não posso citá-lo para ninguém. Ai de mim se fizer tal ato ferino. Ninguém o conhece, obviamente. E citá-lo, na visão do brasileiro comum, é pedantismo. Por quê? É a lógica brasileira, ora: não conheço, logo não existe. E ai de quem revelar que esta última frase foi uma paráfrase de Descartes. Chegamos ao fundo do poço, ao pior dos níveis, àquele lugar onde não há mais volta: conhecer é ruim, ser ignorante é bom.

Quando cito algum autor antigo, ou um sábio, duas reações aparecem: ou uma incompreensão ímpar, ou um completo desdém. Na primeira situação, seria até tolerável; mas, infelizmente, a incompreensão, no Brasil, é alimentada pela igual inconsciência das outras pessoas, prontas para cortar qualquer idéia, ponderação, questionamento ou dúvida que você tenha. Este país gerou o incrível paradoxo da dúvida que não move o ser para a resposta. A dúvida é um fim por si só, numa mistura diabólica entre o ceticismo cartesiano e a rigidez kantiana.

A segunda reação, bem mais comum que a primeira, é o total e maciço repúdio, desprezo e ódio aos sábios, sejam antigos ou novos. Ora justificam que os tempos são outros, e isso de nada vale no contexto atual (surpreendentemente, Marx e cia. continuam atualíssimos), ora usam seu próprio umbigo como fonte de referência, bradando aberrações como ''não foi assim comigo, então não corresponde à realidade''. Quando não fazem isso, cometem a pacóvia e insultante atitude de, sim!, clamar que você não sabe de nada, mesmo que eles também não saibam.

Isso revolta qualquer espírito honesto e que queira passar o que se leu. Mortimer Adler dizia que o conhecimento, quando adquirido, espalha-se naturalmente para o mundo, porque já põe o conhecedor na posição de transportador. O educando vira educador, e assim funcionavam as cousas por quase 2500 de humanidade. Mas como propagar conhecimento, quando você não é autorizado a fazer isso? Com essa situação, tudo aponta, pois, para um exílio. Sair daqui é a única solução.

E quanto ao Nícolas Gomez Dávila? Bem, ele continuará desconhecido porque ninguém o quer conhecer. Não é pedante saber das cousas, ora bolas?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Oración por los caídos

Señor, Dios de los Ejércitos, cuya mano da a los hombres la vida o la muerte, en la victoria o en la derrota.

Acuérdate, Señor, de los que, defendiendo Tu fe, cayeron envueltos con Tu nombre en los campos del honor.

Señor, Dios de los Cielos, esencia de amor y de paz, acuérdate de quienes en la lucha por el triunfo de Tu amor entre los humanos, dejaron sus cuerpos rotos en el camino del martirio, ofreciendo sus vidas con serenidad y resignación.

Señor, Dios de Justicia, principio y fin de todas las cosas, acuérdate de quienes imitaron el sacrificio de Tu Hijo, muerto en la Cruz, por la redención del mundo, ofrendando el sagrado tributo de su juventud generosa, para hacer mejores a los que quedemos.

Señor, Tú que sabes lo efímero de esta vida, bendice los sueños de los que cayeron. Ten en Tu divina presencia a los que tanto te amaron, amando tanto a la Humanidad. Guíalos por Tu Reino para que desde los luceros inspiren nuestros actos y Tu nombre sea bendecido y alabado por los siglos de los siglos. Así sea.

† † † † † †




Gustave Dore -- The Crusaders on the Nile

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Batuque aborígene miserável



A verdadeira apreciação musical foi aniquilada com a chegada dos etnomusicólogos. Quando a importância de uma obra passou a ser depositada não no seu conjunto de criação - sendo este, já desde Aristóteles, o busílis da música -, mas nos seus contextos específicos, criou-se, então, a mescla entre o som e a origem do ser que o emitiu. Ora, a cor, a nacionalidade, o físico e o contexto de um artista só são importantes para abranger uma visão maior da obra. De fato, Beethoven não pode ser compreendido sem se compreender, antes, a Alemanha idealista de Hegel; Chopin sem a Polônia não faz o menor sentido; E Vivaldi sem a Itália e a tradição católica é oco. Mas qual seria a verdadeira influência da minha cor quando toco José Maurício Nunes Garcia? E qual é a real relação entre a minha nacionalidade latino-americana com as minhas interpretações de Astor Piazolla? A ligação que os musicólogos modernos estabelecem entre o contexto do músico e a sua obra é, no mínimo, uma destruição da teoria musical. E é por isso que Adorno e cia., neste impulso maldito de desmerecer a obra clássica, chegam ao máximo da distorção hermenêutica da música: eu toco melhor Heitor Villa-Lobos por ser brasileiro. É tanto charlatanismo que dá dó (menor sustenido com sétima, pois é atonal e ''verdadeiro'', segundo o frankfurtiano).

sábado, 7 de setembro de 2013

Modern day students



Três tipos de estudantes dominam as universidades e escolas atualmente: o sério, o perdido e o desinteressado. Quando falo em estudante sério, refiro-me àquele que é ávido por conhecimento, não importa de que tipo e, percebendo que algumas matérias são indispensáveis e obrigatórias, o próprio condiciona seu interesse e seu espírito para compreendê-las, fazendo do professor não um mestre, mas um companheiro na busca pela verdade. Existem, também, os alunos perdidos, que nada sabem, mas têm uma alma honesta e uma busca verdadeira pelo saber, e que, para tal objetivo, precisam de um líder, um guia, um sábio que os ensine (ou seja, o professor). E finalmente, para coroar a desgraça educacional de hoje em dia com espinhos de ouro, existem os desinteressados, filhinhos de papai, totalmente alheios à unidade do real, que mais estão lá, dentro das decantes universidades e escolas, para adquirirem um meio mesquinho de obter dinheiro, ou para agradar o grupo familiar. O tipo dominante de estudante, hoje em dia, infelizmente, pertence à terceira categoria. 

Não é preciso ser cientista político para concluir que, com o advento da pedagogia social, a primeira classe de estudantes tem sido extinta. O aluno que cultiva o saber, hodiernamente, está nas adjacências mais obscuras das escolas e universidades, tendo seus objetivos desencorajados ou deturpados pelo establishment educativo, fazendo com que a educação vire uma espécie de troca mecânica de métodos, uma forma de repetição orangotânica, que, disfarçada de ''rigor acadêmico'', mostra-se, na verdade, como uma destruidora de qualquer atividade útil.

Junto a isso, a quantidade de alunos vagabundos só aumenta a cada dia. Com a perspectiva doentia do ''no child left behind'' (crianças mesmo, pois 90% dos estudantes universitários beiram a infantilidade maternal), qualquer governo atual pensa que é sua obrigação colocar todas as pessoas numa universidade. E o resultado disso não poderia ser outro: pessoas incapacitadas para cargos de extrema necessidade social. Economistas pobres, médicos que não se cuidam, professores que não sabem aprender (nem ensinar) e escritores que não sabem sua língua natal são apenas algumas das aberrações que ocupam as altas esferas de trabalho. 

Sentados no canto fundo da sala, por medo ou timidez, estão (provavelmente escondidos ou calados), por fim, os alunos de cabeças frescas, honestos e abertos a todo tipo de doutrinação. Estes são os mais injustiçados do processo inteiro. Vítimas de uma geração já moldada nos preceitos piagetianos-freirianos, tais pobres almas já recebem uma tonelada de informações esquerdistas unilaterais, prontas para serem repetidas a qualquer momento, apenas para agradar o digníssimo magistério. Não mais o professor deve ensinar os alunos a cultivarem a sabedoria, a amarem as matérias; deve, na verdade, espalhar o assunto de forma aleatória, deixando mais dúvidas que respostas, podando todo tipo de pensamento contrário à sua autoridade de ''mestre'', negando peremptoriamente qualquer resposta aos mais simples questionamentos. 

Só se pode deduzir, em meio de tais condições educativas, que os professores, alunos de outrora, não estão, de maneira alguma, exercendo o verdadeiro ensino, tampouco estão cientes das sua próprias falhas como educadores. O verdadeiro mestre não demonstra sua matéria apenas; ensina, também, a cultivá-la, a amá-la; ensina o aluno a associá-la com a realidade, forçando-o a gostar de cada pormenor que determinado tópico demande, cumprindo, pois, o real objetivo da aulética: colocar no estudante o verdadeiro desejo pelo conhecimento.  

''Colocar? Forçar? Incrustar gostos em outras pessoas? Mas que coisa mais conservadora, antiquada e reacionária'', alguns dirão, com sede de enfiar seu ativismo político na área pedagógica. Não! Nada há de ''reacionário'' em cultivar a sabedoria em mentes perdidas. Há, na verdade, uma obrigação, um dever por parte do professor, que consiste exatamente na conversão do conhecimento em algo que eleve o espírito, que seja útil à alma humana, fazendo com que tal assunto seja de real importância para o educando, e não uma simples cadeira universitária ou escolar obrigatória. E para isso não há técnica. Há de se criar, na verdade, uma organização de educadores menos preocupados com ''o mundo melhor'', e mais focada em deixar pessoas melhores para o mesmo mundo de sempre. Quem sabe assim, quiçá, no futuro, o número de estudantes desinteressados seja, pelo menos, menor que a quantidade já escassa de alunos sérios.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Pensamento de caixa


É comum entre os intelectuais modernos o hábito de procurar os erros e acertos quando lêem Aristóteles e Platão, podando os cons e destacando os prós. Desde que Marx lançou essa moda, interpretando Hegel de cabeça para baixo, virou costume adequar os escritos antigos à ideologia particular do cidadão. Mas isto não é filosofia. Faz parte da tradição filosófica transportar as palavras antigas, atualizando-as, tirando delas a poeira deixada pelo tempo. Foi isso que Santo Tomás de Aquino e Avicena fizeram quando colocaram suas mãos nos textos aristotélicos, incorporando-os em seus respectivos contextos, sem alterar, no entanto, os dizeres clássicos de maneira perversa ou adaptativa. Porém, a deturpação ideológica é tão maciça, tão esmagadora e dominante, que não há mais quem não altere Aristóteles para todos os fins (políticos, econômicos, partidários, culturais, e até sexuais). Essa tentativa pacóvia de mudar o passado resulta naquilo que Mortimer Adler dizia (e temia): ''estão lendo tão errado que é o mesmo que não lerem''. É preciso um filósofo para transpor outro filósofo, e não é qualquer pessoa que faz isso.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Chamado à guerra

O tempo de hoje é o tempo das massas. E as massas a tudo estão a destruir – em esfera micro e macroscópica; rápida ou lenta e dolorosamente. Não ser esmagado pela mediocridade, nem se deixar cooptar por ela, carece enfatizar o eu individual, clamando num campo espiritual, atravessando a tudo, permanecendo após todos, resgatando assim o ímpeto que verdadeiramente construiu a História e fez a humanidade. É essa, pois, a única maneira de não se deixar confundir pela corrente que iguala tudo a uma mesma e torpe coisa. São essas, então, as opções de hoje: ou ser quem, de fato, deves ser, com toda a força, de todas as formas, ou não ser nada.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Aos Emocionados

Àqueles que acham vital o “barulho” das minorias, dos “grupos perseguidos, estigmatizados e completamente postos à margem da sociedade”: acordem! Só o fato de possuírem tamanho espaço público, total cobertura midiática etc. demonstra o quão NÃO ESTIGMATIZADOS eles são.
A atul cobertura da mídia potencializa uma ação de trinta pessoas, parecendo que é uma ação de trinta mil pessoas; domínios públicos os favorecem sobremaneira; politicamente encontram, no mínimo, cumplicidade em todos os setores, bem como conivência da opinião pública... Acordem, acordem, acordem! A quem atende o choro das minorias? Às minorias é que não são. Por definição, grupo minoritário é aquele sem grande saliência, peso, pois não representa o anseio majoritário de um povo, uma nação – sendo mais explícito, eles estão à parte disso, mas não porque lhes foi imposto estar, mas sim por sua própria gênese. As minorias não podem, jamais, ditar regras, ou deixarão de ser minorias -- o que, naturalmente, desmantelaria quaisquer de seus gritos de protestos, pois em seu alicerce está o apelo à emoção, a covardia em usar da boa-fé de outrem.
Quem ri com o choro das minorias? Não é incrível que numa sociedade machista, opressora, cruel, engessada socialmente, intolerante e fundamentalista haja espaço para paradas com um milhão de pessoas que deitam e rolam, sendo que não representam nem um décimo da população? As lágrimas que se derramam regam o solo da vileza e do cinismo, e o fruto não será outro, senão o da destruição.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Em nome da liberdade, contra a ''liberdade''.

“Se a sociedade civil é fruto de convenção, essa convenção deve ser sua lei. Essa convenção deve limitar e modificar todas as categorias de constituição que se formam sob ela. Todo tipo de poder legislativo, judicial ou executivo, são suas criaturas. Elas não podem ter existência em nenhum outro estado de coisas: e como pode algum homem reivindicar, sob as convenções da sociedade civil, direitos que nem sequer supõem a existência dessa sociedade? Direitos que são absolutamente incompatíveis com ela? Um dos primeiros motivos da sociedade civil, e que se torna uma de suas regras fundamentais, é que homem nenhum deveria ser juiz em causa própria. Com isso cada pessoa renunciou, de imediato, ao primeiro direito fundamental do homem não pactuado, isto é, o de julgar para si mesmo, e propugnar sua própria causa. Ele abdica de todo direito a ser seu próprio governante. Ele, inclusive, em grande medida, abandona o direito de legítima defesa, a primeira lei da natureza. O homem não pode desfrutar os direitos de um Estado civil e os de um estado incivil ao mesmo tempo. Para que possa obter justiça, ele abre mão de seu direito de determinar o que lhe é mais essencial. Para que possa garantir alguma liberdade, ele entrega em confiança sua liberdade toda”.


Edmund Burke em Reflexões Sobre A Revolução na França, 1790 


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A ação

Levanta-te e fazes. A ti não cabe julgar, mas fazer. A justiça só se encontra em um ponto, e é tão somente pela ação que se pode vir a encontrá-la. Não há nada mais significativo do que a ação: ela inspira-nos, faz-nos caminhar em meandros nos quais a mera lógica não pode seguir; ela incendeia o ponto mais profundo do espírito. É na ação, é na prática absoluta, do dia-a-dia ao fim dos dias, que se conserva o mundo. A justiça é isso: é a manutenção da ordem, a busca pela harmonia, o arder inevitável e absoluto do fazer.
A ação inspira. A ação inflama. A ação concebe.

Amém.


domingo, 28 de julho de 2013

Ontem, hoje e sempre



Em todo verdadeiro homem do ocidente pulsa agora a chama do combate. E ela há de incendiar a tudo... novamente.  







''A luminous angel guides the crusaders marching at night'' -- Doré

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Da política e da discussão moral

A moral precede, e muito, à política, e a determina sobremaneira! Não há política sem moral, não obstante há moral sem política. Tentar relativizar o conceito e minimizá-lo é só uma tentativa de validar um discurso político outro, que perde, naturalmente, toda a sua essência, já que não parte de moral alguma, mas sim de uma ''causa, uma luta''.

Comentários sobre o "estado laico" e a "questão Feliciano"



''--Quais deveriam ser as convicções pelas quais se guiar? A da justiça social, a da igualdade universal, a da moral mundial? Todas essas são dissociadas da realidade, atendendo só ao fetiche do agora de relativizar a tudo. Essas considerações são todas mundanas e infundadas. 

Sei que o caso é o Feliciano, mas se ele está lá, ainda mais agora com essa onda do politicamente correto, é porque há uma representatividade muito forte, e ainda que eu tenha minhas diferenças com evangélicos, respeito esse rincão que eles ocupam, pois é mais válido que qualquer blábláblá moderno sobre ''estado laico e direito para todos''.

E vou mais além: Estado algum deve se meter na religião, sendo que essa é uma confluência de tradições e preceitos morais que precedem e muito a esse usurpador da idéia de bem comum -- pois não! usurpador, pois sempre que tentou-se torná-lo legítimo medidor do bem-estar de todos, normatizar a conduta por vias policiais, acabou-se com sangue no chão (os exemplos se perdem no horizonte histórico). 

Por que a religião se torna perigosa quando se entrelaça com o Estado, sendo que esse provém exclusivamente de uma cultura, e essa jamais existiria sem uma reflexão coletiva e a concepção de elementos metafísicos? O secularismo é que nos mata desde a Idade Moderna: fomentou os “sem-terra”, a escravidão, a destruição de instituições sociais após a Rev. de 1789 etc. 

De onde provém ''as leis absurdas da religião''? De um grupo minoritário que detém o poder, ou de uma maioria, resguardada por séculos de tradição? E de onde vem a sua crítica senão de grupos de pressão, minoritários, de cinco décadas atrás? A religião fez mais pelo mundo do que todos os Estados e panelinhas minoritárias fizeram e um dia podem vir a fazer. A título de aprofundamento, ''Como a Igreja Construiu a Civilização Ocidental''. 

A religião cristã, a da discussão, defende ferrenhamente a liberdade de errar. Não obstante, prega que seja escancarado o erro. Nunca vi a Igreja perseguindo homossexuais, nem muito menos abortistas -- embora a esses se deveria. Na realidade, a Igreja é que defende a separação entre o poder temporal e atemporal, que tanto nos legou sangue após os estados nacionais quererem fundi-los [questão Guelfos x Gibelinos]...

A verdade é que doa a quem doer, o único mundo em que pode haver minorias e gente criticando as próprias instituições, com liberdade para tal, é esse que os grupos de pressão querem destruir. Sem querer parecer escatológico, mas a ''txurma do amor'' é sempre a primeira a morrer quando se finda instituições legítimas, fundadas pelo povo e validadas pela História.''




domingo, 23 de junho de 2013

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Para esse tempo de histeria coletiva e reclamações por direitos, assistencialismo e demais coisas, cabe um pertinente pensamento de Ortega y Gasset:

''La nobleza se define por la exigencia, por las obligaciones, no por los derechos. Noblesse oblige. «Vivir a gusto es de plebeyo: el noble aspira a ordenación y a ley» (Goethe)... Los privilegios de la nobleza no son originariamente concesiones o favores, sino, por el contrario, conquistas''.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Marcha das vadias


A histeria coletiva desvairada – e já por isso ridícula – das marchas das vadias, recém-realizadas, esconde uma face de total alienação e ausência de senso histórico, lógico e de uma mínima reflexão. Tamanhas negligências, embora explícitas, foram pouco aludidas nos diversos meios – sejam prós ou contras – e é por isso que irei aqui enumerá-las e evidenciar o assustador momento que padece a mente moderna.

Em primeiro lugar, quem organiza as marchas das vadias? São os setores libertários, semi-revolucionários – ou com afã para tal – que flertam alucinadamente com as idéias de esquerda, fundindo-as em princípios anarquistas e até mesmo absorvendo certas óticas conservadoras, findando num samba do crioulo doido que só poderia ser visto, em toda a sua decadente dimensão, aqui mesmo, em terras tupiniquins. Mas antes tais setores limitassem-se a só esbravejar contra o truculento “sistema sexista”, “opressor”, que muitas vezes culpa as mulheres pelos estupros e crimes mais hediondos que são acometidas – pois, salvo engano, esse foi um dos temas salientados nas marchas das vadias esse ano. Assim, gritam contra um sistema machista que vitimiza o meliante, em diversos sentidos, como se ele fosse uma pessoa que foi levada, em grande medida, pelo ambiente em que está, a cometer tal delito, e quase que criminaliza a vítima estuprada. E o que temos aqui, senhores, senão um produto de decênios sem fim de “direitos humanos”, “penas alternativas” e discursos como “o marginal é produto de um meio sem oportunidades”? Não temos nada além disso, nada, absolutamente. Mas quem vocifera, há décadas, em nome dos criminosos, senão seres de mesmo cunho ideológico, ou semelhante, daqueles que estão a tirar os sutiãs e gritar palavras de (des)ordem em vias públicas exigindo um “direito” que lhes foi roubado por uma sociedade cristã, ocidental e moralista? Essa tal sociedade é, na realidade – a semi-hipotética, pois tal sociedade já não mais existe propriamente – o único rincão de resistência a toda barbárie gnóstica, desvairada e relativizante que muitos aí estão a reclamar. Pois, não são os cabeças dessas marchas todos de esquerda, que olham com lágrimas nos olhos para os “bestializados” e “vulneráveis sociais”, quase que se comovendo quando esses saltam para uma vida ímpia, afinal a culpa é da norma, da ordem, e não da blasfêmia e da desordem?

Desmascarada tal coisa, cabe-nos refletir sobre a mulher e a sua independência. Independência do quê? Da família, essa instituição repressora, autoritária e mentirosa; essa instituição fingida, hipócrita. Pois bem, tiramos a mulher do marido, dos filhos – assim reclamam eles – e as põem no mundo. Entretanto, onde, de fato, está a maior vulnerabilidade: entre os seus, o seu marido, seu pai, seus irmãos, seus filhos etc., ou no mundo, com um desconhecido, submetida a um patrão? – Que horrendo! Um patrão! O ícone-mor da sociedade opressora e exploradora! Para as favas esse discurso sobre a família, heteronormatividade e sexismo. Para as favas! Isso é coisa que qualquer doente mental pode deduzir: o mundo é, muitas vezes, imperdoável. A família não. A família, dizem eles, esses leitores de Marcuse e cia., é o ponta-pé inicial para dar-se no reto alheio e jogá-lo numa sociedade doente e vil, sendo que o propósito da família e a sua manutenção por todos os séculos, em todas as culturas, é para única e exclusivamente esse fim. Entretanto, por Deus! Onde, onde a família é um produto de uma ordem outra e não a causa dessa ordem e de todas as demais? E como dizer que a família reproduz, inevitavelmente, a exploração e danação do homem, quando ela se deu naturalmente em todas as culturas, por mais díspares que tenham sido, tanto em primitivas culturas, passando por épocas distintas de uma mesma cultura, mesmo que tantas culturas tenham permanecido no mais completo “comunismo puro”?

Nada, jamais, conseguiu validar tanto a vida humana como a cultura ocidental. Zelo pela vida alheia, respeito por outrem e reconhecimento da importância do ser, jamais se deu em cultura bárbara alguma, por menos “propriedade” que houvesse ou a total ausência disso. Curiosamente, e isso é um ponto a se escancarar com todas as forças, esses grupos de pressão que clamam por minorias quaisquer – as mulheres, nesse texto – têm somente um único e centesimal segundo de validade, que é quando se apossa do elemento cristão para assim tentar validar a vida e liberdade de outros. Mas isso tudo se perde no momento em que se funde com essa barbárie tresloucada, sem sentido algum, dessa ideologia vermelha que tanto presenteou o solo com sangue nesse mais de um século e meio de vida. E, obviamente, o tal samba do crioulo doido atual não poderá fazer melhor por nós.


Por um fim da marcha das vadias e todas essas outras marchas com perspectivas míopes, vulgares e rasas da vida. Que haja nobreza, clareza e força de vontade. Fora a massa que a tudo contamina e destrói.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O brasileiro

Paira uma carência no povo brasileiro, que é a carência da vontade, do indivíduo, do vigor e da serenidade reflexiva. O semblante desse povo é quase que todo vulgar, homogêneo, fazendo-nos confundir qualquer um com algum outro, essencialmente; não nos deixando enxergar nada além de uma visão ordinária de um ser que não almeja coisa alguma, além de um prazer momentâneo.
Não é que não se possa ser ignorante e baixo: pode-se sê-lo, sem dúvida! O mundo, a natureza, não clama para que se seja altivo, decisivo e reflexivo, absolutamente. Não há uma demanda natural para que se seja nada nessa vida, entretanto, ainda assim, as pessoas de índole mais baixa e vulgaridade mais avantajada cismam em meter o bedelho em tudo e dar suas opiniões sobre assuntos para os quais não devotaram cinco minutos de reflexão. Tal despudor, despreparo e desprezo para com o mínimo que o bom senso exige, vê-se na cara do brasileiro, cujas características já foram citadas mais no início do texto, e enoja a qualquer um que procure realizar o exercício de se deslocar para fora e observar tal como corre a nossa sociedade e os seus dementes. Tal observação também nos leva, naturalmente e necessariamente, a uma questão que de tão notória é negligenciada: a da indignidade do povo brasileiro em seus extremos. Esse povo não consegue ser pobre, tem de ser miserável. Não consegue ser ambicioso, tem de ser mesquinho. Não consegue ser mal-informado, tem de ser ignorante. Não consegue ter poucos modos, é grosseiro e, obviamente, não consegue calar-se, bastar-se, tendo de ser metido e extremamente vergonhoso em suas intransigentes burrices.
O brasileiro é o povo mais incapaz da face da terra. Na realidade, não é nem “povo”, é um amontoado de seres que conseguem se misturar pela total carência de índole e de todas as condições elevadas e substanciais que constituem um homem com H maiúsculo.
Não obstante, um pequeno texto para criticar esses seres tem o mesmo efeito que um discurso que é ofuscado, sempre, por um coro de urros animalescos. Não adianta escrever. Penso que a única didática para essa gente seja a do chicote.