Para esse tempo de histeria coletiva e reclamações por direitos, assistencialismo e demais coisas, cabe um pertinente pensamento de Ortega y Gasset:
''La nobleza se define por la exigencia, por las obligaciones, no por los derechos. Noblesse oblige. «Vivir a gusto es de plebeyo: el noble aspira a ordenación y a ley» (Goethe)... Los privilegios de la nobleza no son originariamente concesiones o favores, sino, por el contrario, conquistas''.
domingo, 23 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Marcha das vadias
A histeria coletiva desvairada – e já por isso ridícula –
das marchas das vadias, recém-realizadas, esconde uma face de total alienação e
ausência de senso histórico, lógico e de uma mínima reflexão. Tamanhas
negligências, embora explícitas, foram pouco aludidas nos diversos meios –
sejam prós ou contras – e é por isso que irei aqui enumerá-las e evidenciar o
assustador momento que padece a mente moderna.
Em primeiro lugar, quem organiza as marchas das vadias? São
os setores libertários, semi-revolucionários – ou com afã para tal – que
flertam alucinadamente com as idéias de esquerda, fundindo-as em princípios
anarquistas e até mesmo absorvendo certas óticas conservadoras, findando num
samba do crioulo doido que só poderia ser visto, em toda a sua decadente
dimensão, aqui mesmo, em terras tupiniquins. Mas antes tais setores
limitassem-se a só esbravejar contra o truculento “sistema sexista”, “opressor”,
que muitas vezes culpa as mulheres pelos estupros e crimes mais hediondos que
são acometidas – pois, salvo engano, esse foi um dos temas salientados nas
marchas das vadias esse ano. Assim, gritam contra um sistema machista que
vitimiza o meliante, em diversos sentidos, como se ele fosse uma pessoa que foi
levada, em grande medida, pelo ambiente em que está, a cometer tal delito, e quase
que criminaliza a vítima estuprada. E o que temos aqui, senhores, senão um
produto de decênios sem fim de “direitos humanos”, “penas alternativas” e
discursos como “o marginal é produto de um meio sem oportunidades”? Não temos
nada além disso, nada, absolutamente. Mas quem vocifera, há décadas, em nome
dos criminosos, senão seres de mesmo cunho ideológico, ou semelhante, daqueles
que estão a tirar os sutiãs e gritar palavras de (des)ordem em vias públicas
exigindo um “direito” que lhes foi roubado por uma sociedade cristã, ocidental
e moralista? Essa tal sociedade é, na realidade – a semi-hipotética, pois tal
sociedade já não mais existe propriamente – o único rincão de resistência a
toda barbárie gnóstica, desvairada e relativizante que muitos aí estão a
reclamar. Pois, não são os cabeças dessas marchas todos de esquerda, que olham
com lágrimas nos olhos para os “bestializados” e “vulneráveis sociais”, quase
que se comovendo quando esses saltam para uma vida ímpia, afinal a culpa é da
norma, da ordem, e não da blasfêmia e da desordem?
Desmascarada tal coisa, cabe-nos refletir sobre a mulher e a
sua independência. Independência do quê? Da família, essa instituição
repressora, autoritária e mentirosa; essa instituição fingida, hipócrita. Pois
bem, tiramos a mulher do marido, dos filhos – assim reclamam eles – e as põem no
mundo. Entretanto, onde, de fato, está a maior vulnerabilidade: entre os seus,
o seu marido, seu pai, seus irmãos, seus filhos etc., ou no mundo, com um
desconhecido, submetida a um patrão? – Que horrendo! Um patrão! O ícone-mor da
sociedade opressora e exploradora! Para as favas esse discurso sobre a família,
heteronormatividade e sexismo. Para as favas! Isso é coisa que qualquer doente
mental pode deduzir: o mundo é, muitas vezes, imperdoável. A família não. A
família, dizem eles, esses leitores de Marcuse e cia., é o ponta-pé inicial
para dar-se no reto alheio e jogá-lo numa sociedade doente e vil, sendo que o
propósito da família e a sua manutenção por todos os séculos, em todas as culturas,
é para única e exclusivamente esse fim. Entretanto, por Deus! Onde, onde a
família é um produto de uma ordem outra e não a causa dessa ordem e de todas as
demais? E como dizer que a família reproduz, inevitavelmente, a exploração e
danação do homem, quando ela se deu naturalmente em todas as culturas, por mais
díspares que tenham sido, tanto em primitivas culturas, passando por épocas
distintas de uma mesma cultura, mesmo que tantas culturas tenham permanecido no
mais completo “comunismo puro”?
Nada, jamais, conseguiu validar tanto a vida humana como a
cultura ocidental. Zelo pela vida alheia, respeito por outrem e reconhecimento
da importância do ser, jamais se deu em cultura bárbara alguma, por menos
“propriedade” que houvesse ou a total ausência disso. Curiosamente, e isso é um
ponto a se escancarar com todas as forças, esses grupos de pressão que clamam
por minorias quaisquer – as mulheres, nesse texto – têm somente um único e
centesimal segundo de validade, que é quando se apossa do elemento cristão para
assim tentar validar a vida e liberdade de outros. Mas isso tudo se perde no
momento em que se funde com essa barbárie tresloucada, sem sentido algum, dessa
ideologia vermelha que tanto presenteou o solo com sangue nesse mais de um
século e meio de vida. E, obviamente, o tal samba do crioulo doido atual não
poderá fazer melhor por nós.
Por um fim da marcha das vadias e todas essas outras marchas
com perspectivas míopes, vulgares e rasas da vida. Que haja nobreza, clareza e
força de vontade. Fora a massa que a tudo contamina e destrói.
Assinar:
Postagens (Atom)